Tumores da Hipófise
- NeuroSapiens
- 4 de nov. de 2019
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Atualizado: 14 de ago.
s tumores da hipófise sĆ£o crescimentos anormais que se desenvolvem na glĆ¢ndula pituitĆ”ria. A glĆ¢ndula hipófise ou pituitĆ”ria Ć© responsĆ”vel por orquestrar a produção de muitos hormĆ“nios que regulam funƧƵes importantes do corpo como crescimento, reprodução e pressĆ£o arterial. Fica localizada numa regiĆ£o na base do cĆ©rebro atrĆ”s do nariz e entre as orelhas. Apesar de seu tamanho pequeno, a glĆ¢ndula influencia quase todas as partes do corpo como a tireoide, suprarrenais, ovĆ”rios, testĆculos, mamas e fĆgado.

A absoluta maioria dos tumores hipofisÔrios são benignos (adenomas). Os adenomas permanecem na glândula pituitÔria ou nos tecidos circundantes e não se espalham para outras partes do corpo.
Os tumores de hipófise são classificados como secretores e não-secretores de hormÓnios. Isso quer dizer que no caso dos tumores secretores (ou funcionantes), a célula que compõem o tumor pode produzir um determinado hormÓnio em excesso. Os principais sintomas, nesses casos, acabam sendo em consequência do excesso de hormÓnio produzido e são conhecidos como Doença de Cushing (hormÓnio adrenocorticotrófico), Acromegalia (hormÓnio de crescimento), Prolactinoma (prolactina), tumores secretores de tireotrofina ou gonadotrofinas.
Aproximadamente 30 a 40% dos tumores de hipófise são não-secretores. Geralmente tornam-se sintomÔticos quando o tumor cresceu ao ponto de provocar sintomas visuais ou dor de cabeça. Geralmente a pessoa nota alguns pontos cegos no campo visual podendo evoluir para perda de toda metade lateral do campo visual.
Adenomas pequenos tambĆ©m podem ser diagnosticados por acaso (incidentalomas), quando a pessoa faz uma ressonĆ¢ncia magnĆ©tica de crĆ¢nio por outro motivo e a presenƧa do tumor acaba sendo notada. Nesse caso, a depender da idade do paciente, estado de saĆŗde e das caracterĆsticas da lesĆ£o, pode-se optar por observação do tumor com ressonĆ¢ncias de crĆ¢nio sequenciais e dosagens hormonais.
Quando os tumores medem até 10mm são chamados de microadenomas. Quando maiores, são denominados macroadenomas.
Os adenomas de hipófise sĆ£o frequentes, representando de 15 a 20% do total dos tumores cerebrais. A cada 100.000 pessoas, 80 a 100 indivĆduos terĆ£o um tumor pituitĆ”rio.
Uma pequena percentagem de casos de tumores hipofisĆ”rios ocorre em famĆlias, mas a maioria nĆ£o possui fator hereditĆ”rio aparente. Todavia, alteraƧƵes genĆ©ticas isoladas desempenham um papel importante na forma como os tumores da hipófise se desenvolvem.
Tratamento:
- Observação:
Geralmente reservada aos microadenomas descobertos por acaso na ressonância magnética de crânio.
- Medicamentoso:
- Prolactinomas (tumores que produzem Prolactina)
A grande maioria desses tumores pode ser tratada exclusivamente com medicaƧƵes. Essas pessoas tem que tomar a medicação por toda a vida. Ćs vezes, um Prolactinoma precisa ser tratado tambĆ©m com cirurgia e radiocirurgia.
- Demais tumores Secretores: Cushing, Acromegalia e outros
Geralmente o tratamento medicamentoso especĆfico Ć© utilizado em conjunto com a cirurgia.
à exceção dos prolactinomas e dos microadenomas não secretores diagnosticados incidentalmente, o tratamento dos tumores de hipófise é cirúrgico. Os prolactinomas são geralmente controlados com medicação enquanto os tumores incidentais podem ser observados. Se não houver controle dos prolactinomas com medicação e se os tumores encontrados incidentalmente crescerem, eles devem ser operados.
- Cirurgia:
A absoluta maioria dos tumores de hipófise têm o tratamento cirúrgico como etapa inicial. A cirurgia é muito especializada e geralmente realizada junto ao otorrinolaringologista uma vez que o acesso à base do crânio é feito pelo nariz (transfenoidal) na grande maioria dos casos. Em casos excepcionais a cirurgia é feita por craniotomia (pela parte superior do crânio) .
A cirurgia por via transfenoidal pode ser feita por meio da neuroendoscopia ou com uso do microscópio. O tumor pode ser removido em sua totalidade ou parcialmente, a depender de vĆ”rios fatores, principalmente quando invade estruturas que nĆ£o podem ser lesadas sem um dĆ©ficit neurológico importante, como Ć© o caso dos nervos responsĆ”veis pela visĆ£o ou grandes vasos sanguĆneos que irrigam o cĆ©rebro, como exemplo os nervos ópticos e a artĆ©ria carótida.
Uma complicação rara, mas potencialmente grave, de um tumor hipofisÔrio é a apoplexia hipofisÔria, isto é, quando ocorre um sangramento repentino no tumor. O paciente sente uma dor de cabeça muito forte e pode perder a visão subitamente. A apoplexia hipofisÔria requer tratamento de emergência, muitas vezes necessitando de cirurgia de urgência para descompressão do aparato visual, evitando uma cegueira permanente.
- Radiocirurgia
A radiocirurgia consiste em focar com precisĆ£o submilimĆ©trica uma alta dose de radiação apenas no tumor (alvo). Para que tal tratamento seja feito com seguranƧa e bons resultados, Ć© necessĆ”rio contar com equipamentos de alta precisĆ£o, dedicados ao tratamento do cĆ©rebro e com especialistas dedicados como neurocirurgiƵes, radioncologistas e fĆsicos mĆ©dicos.
Radiocirurgia é uma técnica bastante diferente de radioterapia convencional, sendo que a radiocirurgia possibilita focar altas doses de radiação apenas no tumor, poupando as estruturas cerebrais normais ao redor, especialmente evitando efeitos colaterais relacionados ao funcionamento hormonal e visão. Dessa forma o paciente não apresenta os efeitos colaterais decorrentes do tratamento de radioterapia convencional como queda de cabelo, alteração de memória, cicatrização da pele e dificuldade para a reoperação.
A radiocirurgia estÔ indicada para o tratamento de adenomas de hipófise em algumas situações exemplificadas abaixo:
- Remoção parcial do tumor: pode-se observar o tumor por alguns meses e complementar o tratamento com radiocirurgia.
- Tumor secretor de um hormÓnio: quando o controle do excesso de produção hormonal não foi alcançado no pós-operatório imediato, a radiocirurgia logo a seguir da recuperação cirúrgica deve ser feita.
- Remoção total com retorno do tumor alguns meses ou anos depois: a radiocirurgia tambĆ©m poderĆ” ser realizada. Ćs vezes, a reabordagem cirĆŗrgica e a radiocirurgia podem ser necessĆ”rias conjuntamente, sendo que essa decisĆ£o Ć© tomada caso a caso.
O acompanhamento médico é multidisciplinar, contando com o endocrinologista especializado, o neurocirurgião, o otorrinolaringologista e o oftalmologista. Nem todas as pessoas afetadas requerem seguimento com todos esses especialistas. Os tumores da hipófise podem ter repercussões nos hormÓnios e na visão. No caso de cirurgia feita pelo nariz, o otorrino também acompanha.
O paciente pode apresentar falha na produção de um ou mais hormÓnios da pituitÔria e, nesse caso, precisa repor o hormÓnio por meio da ingestão de comprimidos, controlado sempre por dosagens hormonais de rotina monitorizadas pelo endocrinologista. Também realiza ressonância magnética de crânio de rotina monitorizada pelo neurocirurgião.