O Astrocitoma é um tumor que tem origem de uma das células de suporte cerebral. Os neurônios, bem conhecidos de todos, são as células de comunicação no cérebro. Eles são responsáveis pelo funcionamento eletroquímico de nosso cérebro, representando as conexões que fazem de nosso cérebro o mais perfeito computador que conhecemos. Os neurônios necessitam de suporte para sua existência e funcionamento apropriado. Este suporte é dado pelas células gliais. Entre as células gliais, o astrócito é uma das células mais comuns.

Quando ocorre uma mutação em um dos astrócitos, isto é, transformação esporádica de seus cromossomas, modificação do material genético destas células, causando um distúrbio do harmônico sistema de divisão celular, inicia-se uma reprodução desordenada e geométrica das células, constituindo o tumor chamado Astrocitoma. Mais de 70% dos Gliomas, ou tumores das células da glia, são Astrocitomas. Outros tipos de Gliomas incluem oligodendroglioma e ependimoma.
Os Astrocitomas Pilocíticos, a variante mais benigna dos Astrocitomas, são raros e encontrados quase exclusivamente em crianças. No outro extremo do espectro está o Glioblastoma - um dos de tumores mais malignos encontrados no ser humano. As opções de tratamento dependem de fatores como localização, tamanho e grau do tumor.
Diagnóstico
A ressonância magnética (RM) é o método mais sensível e melhor para detectar tumores cerebrais. A tomografia computadorizada (TC) também pode ser usada; no entanto, o grau de detalhes que podem ser detectados pela TC é muito menor do que a oferta da RM sobre o comportamento destes tumores. Às vezes, outras técnicas avançadas de imagem, como a tomografia de pósitron, podem ajudar no diagnóstico de Astrocitomas.
Uma vez que um tumor é identificado em imagens, o diagnóstico precisa ser confirmado através da obtenção de uma biópsia. A biópsia ajudará a confirmar o diagnóstico do tumor e seu tipo, bem como diferenciar o tumor de outros tipos de lesões cerebrais, como por exemplo a infecção, ou mesmo uma metástase cerebral, isto é um tumor proveniente de outra parte do corpo para o cérebro. A estrutura microscópica e molecular do tumor será importante na classificação e prognóstico do paciente, bem como direcionar o melhor e mais adequado tratamento para aquele tipo molecular especifico do tumor.
A classificação do tumor é importante para o prognóstico e a terapia do mesmo. O grau do tumor é uma estimativa de sua agressividade e/ou da malignidade. Os tumores são classificados com base no exame microscópico da amostra obtida na biopsia ou do tecido tumoral quando o mesmo é removido, parcialmente ou totalmente. A amostra é escrutinizada microscopicamente para verificar se alguma parte demonstra características malignas.
Os Astrocitomas são classificados em quatro graus de malignidade
Grau 1: Astrocitoma Pilocítico;
Grau 2: Astrocitoma de baixo grau;
Grau 3: Astrocitoma Anaplásico;
Grau 4: Glioblastoma Multiforme.
Tratamento
A cirurgia quase sempre é necessária para se obter a biópsia e promover a maior remoção possível do tumor. Nem sempre é possível a remoção total do tumor. Em geral este objetivo é quase sempre não atingido. Isto porque os Astrocitomas infiltram o tecido cerebral normal, fazendo que a tentativa de ressecção total cause déficits neurológicos inaceitáveis.
Além da intenção de classificação do tumor, temos também que aliviar o efeito de massa, isto é, a compressão que o Astrocitoma pode causar no tecido cerebral e enchimento da caixa craneana, o que define a urgência ou emergência com que a cirurgia deve ser feita. Portanto mesmo com uma excelente cirurgia, não se consegue cura, exceto em raros casos.
Exceto nos casos dos Astrocitomas Pilocíticos localizados em áreas bastante acessíveis à remoção cirúrgica. Estes em geral não necessitam de terapia adicional.
Radiação
Depois de confirmado o diagnóstico, os Astrocitomas de maior grau necessitam terapia adicional. A radiação é aceita como a forma mais efetiva no seu tratamento, após a remoção cirúrgica.
A radiação pode ser administrada à todo o cérebro, mas hoje em dia é relativamente focada à região do cérebro relacionada ao tumor. Ao mesmo tempo, ou após a terapia de radiação, um ou mais agentes quimioterápicos podem ser usados. Nosso programa de Neuro-Oncologia usa a terapia padrão para estes tumores mas pode orientar o paciente aos ensaios clínicos, principalmente os imunoterápicos para os quais os pacientes podem ser considerados.
Resultado
Vários estudos clínicos demonstram que a extensão da ressecção do tumor está relacionada ao resultado obtido no controle dos Astrocitomas de baixo e alto grau. No entanto, o benefício ocorre apenas quando mais de 98% do tumor visível na ressonância magnética for removido. Hoje sabe-se que as cirurgias realizadas em salas cirúrgicas padrão têm maior probabilidade de deixar residual ainda visível na ressonância magnética pós-operatória.
A NeuroSapiens realiza cirurgias para tumores gliais somente em hospitais equipados com sistemas de imagem e neuro navegação na sala de cirurgia, bem como com monitorização eletrofisiológica intensa, e capacidade de estudo do tecido na sala de cirurgia. Quando necessário, os pacientes são operados acordados para evitar remoção de tecido cerebral que acarretaria déficits neurológicos.
A estratégia é sempre a melhor e mais completa remoção tumoral para que as terapias adjuvantes possam ter seu maior efeito na luta contra estes tumores de difícil controle.
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