Parkinson: com a ajuda da IA, tratamento do São Luiz Itaim diminui em até 80% a rigidez típica da doença
- NeuroSapiens
- 11 de abr.
- 3 min de leitura

O Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or passou a utilizar a inteligência artificial (IA) para aprimorar o tratamento da doença de Parkinson. Essa tecnologia permite personalizar de forma mais precisa a estimulação cerebral profunda, terapia indicada para casos avançados da doença.
A técnica, disponível apenas em centros de excelência, consiste na implantação de um dispositivo no cérebro que emite impulsos elétricos para modular a atividade neural e controlar os sintomas da doença. Com a ajuda da IA, é possível potencializar os resultados.
No tratamento, eletrodos ultrafinos distribuem a energia de forma direcionada, enquanto um mapa 3D da anatomia do paciente – também gerado por IA – orienta o neurocirurgião a posicionar e programar o equipamento com exatidão. Isso diminui em até 80% a rigidez e, em alguns casos, 100% dos tremores, devolvendo até uma década de qualidade de vida aos pacientes.
Os estímulos podem ser ajustados pelo médico ao longo do tempo, a fim de atender às necessidades dos pacientes, que são dinâmicas no decorrer no tratamento.
“Embora não interrompa a progressão da doença, a técnica pode reverter sintomas como tremores, rigidez e outros sinais incapacitantes, para um estágio de cinco a dez anos atrás, oferecendo mais autonomia e qualidade de vida ao paciente”, explica Alessandra Gorgulho, neurocirurgiã do Hospital São Luiz Itaim, em comunicado.
Entre os diferenciais do São Luiz Itaim está o desenvolvimento de um protocolo de imagem específico, com uso de ressonância magnética de última geração para neurocirurgia funcional. As diretrizes foram desenvolvidas por um grupo de especialistas experts da unidade, permitindo o aproveitamento máximo da tecnologia disponível e segurança assistencial.
"A próxima inovação será a estimulação em 'closed loop', que monitora e ajusta automaticamente os impulsos elétricos ao longo do dia, conforme os sintomas variam. Isso tornará o tratamento ainda mais eficaz e personalizado", pontua a especialista.
Doença em crescimento
A doença de Parkinson é a enfermidade neurológica que mais cresce no mundo, afetando cerca de 10 milhões de pessoas globalmente e 200 mil brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudo publicado no British Medical Journal projeta que, até 2050, esse número deve mais que dobrar.
Embora seja associada ao envelhecimento, especialistas indicam que a poluição ambiental pode estar entre as causas desse crescimento, especialmente devido à exposição a substâncias como o tricloroetileno (TCE), um poluente encontrado em lençóis freáticos, impressoras, tintas e produtos de lavagem a seco.
"Pessoas com predisposição genética à doença são ainda mais vulneráveis a esses fatores ambientais. Além disso, pesquisadores investigam a relação entre a exposição a certos inseticidas rurais e o aumento dos casos de Parkinson, destacando a importância desses fatores para a saúde pública", enfatiza Antônio De Salles, neurocirurgião do São Luiz Itaim.
Como identificar os sinais?
Os primeiros sintomas da Doença de Parkinson podem passar despercebidos, mas merecem atenção. São eles:
Tremores leves nas mãos, principalmente em repouso;
Caligrafia menor e mais apertada;
Rigidez muscular e dificuldade em iniciar movimentos;
Perda de olfato sem causa aparente;
Distúrbios do sono e cansaço excessivo;
Depressão ou mudanças de humor.
Com o tempo, a condição pode afetar também a fala, a mobilidade e causar alucinações. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial.
"O quanto antes identificarmos a doença, mais eficazes são as intervenções, que podem incluir medicamentos, reabilitação e, nos casos indicados, a cirurgia de estimulação cerebral", reforça Alessandra.
O diagnóstico é feito com avaliação clínica e exames de imagem como ressonância magnética, tomografia e medicina nuclear. Com o acompanhamento adequado e os avanços tecnológicos, é possível transformar a jornada do paciente com Parkinson. Confira a matéria original no site O Globo
Comments